A lagarta-do-trigo (Pseudaletia sequax) é uma praga significativa que tem causado grandes prejuízos na cultura do trigo no Brasil e em outros países produtores. Esse inseto, pertencente à família Noctuidae, é capaz de causar danos severos em plantações de diversos cereais, especialmente em condições favoráveis de clima.
Com o aumento da área plantada com trigo e outras culturas de inverno, a incidência da Pseudaletia sequax tornou-se uma preocupação crescente para os agricultores, exigindo uma intervenção estratégica e eficiente para seu controle.
Neste artigo, serão exploradas as principais características da lagarta-do-trigo, como identificar sua presença nas lavouras, os danos que ela pode causar e as condições que favorecem sua proliferação. Além disso, serão discutidos os métodos de controle, com ênfase no Manejo Integrado de Pragas (MIP).
Por que controlar a lagarta-do-trigo?
O controle eficaz de pragas na cultura do trigo é essencial para se obter produtividade e qualidade da colheita, além de preservar a sustentabilidade do sistema agrícola.
Pragas como a Pseudaletia sequax podem causar prejuízos diretos significativos. Contudo, os impactos vão além da redução na produtividade. A presença de pragas descontroladas pode acarretar uma série de consequências negativas para os produtores e para o mercado em geral.
Um ponto importante é a necessidade de proteger a segurança alimentar. O trigo é um dos cereais mais importantes no Brasil e no mundo, compondo a base alimentar de diversas populações.
Qualquer redução significativa na produção pode gerar impactos na oferta de alimentos, influenciando no aumento dos preços e na estabilidade de mercados. Portanto, manter as pragas sob controle é uma questão de relevância social.
Também deve-se considerar que o ataque de pragas na cultura do trigo pode gerar um aumento significativo nos preços, impactando diretamente o mercado e os consumidores. Quando infestações severas reduzem a produtividade das lavouras, a oferta de trigo diminui, o que leva a uma elevação dos preços, seguindo a lógica da oferta e demanda.
Esse aumento no custo do trigo afeta a cadeia de produção de alimentos, especialmente produtos à base de farinha, como pães, massas e biscoitos, pressionando a inflação alimentar. Além disso, os agricultores enfrentam custos mais altos com medidas de controle de pragas e, em muitos casos, sofrem com perdas financeiras pela queda na qualidade dos grãos, agravando ainda mais o impacto econômico.
Portanto, o controle de pragas, especialmente em culturas como o trigo, não é apenas uma necessidade técnica, mas uma estratégia para a segurança alimentar e a viabilidade econômica a longo prazo.
Características e danos da lagarta-do-trigo
A lagarta-do-trigo é a principal praga desfolhadora dessa cultura, mas seus danos também se estendem a outras gramíneas, como arroz, aveia, azevém, centeio, cevada, milho e pastagens. A Pseudaletia sequax é um inseto que passa por quatro fases durante seu ciclo de vida: ovo, larva (lagarta), pupa e adulto (mariposa).
A fêmea adulta, uma pequena mariposa de coloração amarronzada, pode depositar numerosos ovos, que eclodem após um período de incubação de cerca de quatro dias.
Devido ao hábito de postura em grupos e à preferência por áreas de plantas acamadas ou de maior vigor vegetativo, os danos iniciais geralmente ocorrem em pequenas áreas da lavoura. Entretanto, em alguns anos, as infestações podem espalhar-se de forma generalizada, causando prejuízos significativos.
As larvas se desenvolvem entre 14 e 24 dias, conforme a temperatura ambiente, antes de entrarem na fase de pupa, que ocorre no solo e pode durar de cinco a trinta dias, também dependendo da temperatura.
Durante a fase larval, o principal comportamento das lagartas é buscar alimento. A praga tem o hábito de se abrigar na base das plantas durante o dia e subir às folhas à noite para se alimentar. Quando há escassez de plantas de trigo ou elas começam a entrar em senescência, as larvas podem migrar para outras culturas.
Os danos mais expressivos causados pela lagarta-do-trigo estão relacionados ao consumo da folha bandeira, crucial para o enchimento dos grãos e das espigas. Em casos de infestações severas, pode restar apenas o colmo das plantas, consumindo também aristas e espiguetas.
As perdas causadas pela lagarta-do-trigo podem ser variáveis dependendo da intensidade da infestação e da eficácia das medidas de controle adotadas.
MIP como estratégia de controle da lagarta-do-trigo
O controle da lagarta-do-trigo deve ser baseado no conceito de Manejo Integrado de Pragas (MIP), que combina diferentes estratégias para reduzir a população da praga de forma sustentável e eficiente. O MIP visa minimizar os danos causados pela lagarta-do-trigo integrando práticas culturais, biológicas e químicas de maneira equilibrada.
Importância do monitoramento e identificação
O monitoramento é uma etapa crucial no MIP para o controle da lagarta-do-trigo, pois permite identificar o início da infestação e determinar o momento adequado para a adoção das medidas de controle. O uso de armadilhas luminosas ou com feromônios pode auxiliar na captura das mariposas adultas, indicando a presença da praga na área.
A amostragem regular das plantas é outra técnica fundamental, sendo importante observar as folhas e as hastes em busca de sinais de raspagem e desfolha. A identificação precoce das lagartas nas fases iniciais de desenvolvimento é essencial para o sucesso do manejo, uma vez que as lagartas jovens são mais suscetíveis ao controle biológico e químico.
Controle cultural
O controle cultural envolve práticas agrícolas que dificultam o desenvolvimento e a sobrevivência da Pseudaletia sequax na lavoura.
Entre as principais estratégias está a rotação de culturas, que pode reduzir a disponibilidade de plantas hospedeiras para a praga, quebrando seu ciclo de vida. O manejo adequado da cobertura vegetal também é uma prática importante, pois a presença de gramíneas espontâneas nas margens dos campos pode servir de refúgio para as mariposas adultas.
Outra prática recomendada é a eliminação de possíveis plantas daninhas hospedeiras das pragas, diminuindo as chances da lagarta conseguir sobreviver na entressafra e reduzindo sua população na área.
Controle biológico
O controle biológico da Pseudaletia sequax tem se mostrado uma ferramenta promissora no manejo dessa praga no cultivo do trigo. Diversas pesquisas mostram que a tentativa de controle biológico tem apresentado bons resultados.
Diversos inimigos naturais, como parasitóides e predadores, são capazes de regular a população da lagarta de trigo de forma natural. Entre os parasitóides mais utilizados, destacam-se algumas espéceis de vespas, que depositam seus ovos nas lagartas, provocando sua morte ao se desenvolverem dentro delas.
Além dos parasitóides, o uso de entomopatógenos, como bactérias, fungos e vírus, também tem se mostrado eficaz no controle biológico da praga. Esses organismos patogênicos infectam e matam as lagartas, contribuindo para a redução das suas populações.
Controle químico
O controle químico, é uma ferramenta importante no manejo de altas infestações da lagarta-do-trigo. Inseticidas específicos para lepidópteros, que agem sobre o sistema nervoso ou digestivo das lagartas, podem ser aplicados de forma direcionada nas áreas infestadas.
No entanto, é fundamental que o controle químico seja realizado com base no monitoramento da praga, visando utilizar o produto apenas nos momentos de necessidade, evitando custos desnecessários.
A escolha do produto químico para o controle da lagarta-do-trigo deve ser feita com base em recomendações técnicas especializadas, levando em consideração a eficiência do inseticida, as doses adequadas e os melhores momentos de pulverização.
Além disso, é fundamental priorizar a rotação de moléculas com diferentes modos de ação, a fim de evitar a seleção de organismos resistentes. O uso contínuo de um único princípio ativo pode levar à resistência da praga, reduzindo a eficácia dos tratamentos ao longo do tempo e aumentando a necessidade de aplicações mais intensas, o que eleva os custos da lavoura. A rotação de moléculas contribui para um manejo mais sustentável e prolonga a vida útil dos defensivos agrícolas.
Manejo eficiente da lagarta-do-trigo para garantir alta produtividade
O manejo eficaz da lagarta-do-trigo é essencial para manter a sustentabilidade da produção de trigo no Brasil. A combinação de técnicas de controle do Manejo Integrado de Pragas tem se mostrado a melhor estratégia para minimizar os danos causados por essa praga.
A escolha criteriosa dos defensivos químicos, com base em recomendações técnicas e rotação de moléculas, é fundamental para evitar a seleção de populações resistentes, garantindo a eficiência dos tratamentos ao longo do tempo. Além disso, o monitoramento constante das lavouras e a identificação precoce das infestações são cruciais para a adoção de medidas preventivas e corretivas no momento adequado.
Ao priorizar essas práticas, os produtores não apenas reduzem os prejuízos econômicos causados pela lagarta, mas também promovem uma produção mais sustentável e equilibrada, protegendo o meio ambiente e a rentabilidade das lavouras de trigo.
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